domingo, 30 de março de 2014

"Abre Aspas"

"Com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, temos a chance de mostrar ao mundo que somos um país apaixonado por esporte. Mas que também somos um país com uma economia forte, líder em biotecnologia, entre os maiores produtores de carne, minérios e soja.
Em breve, milhares de turistas e jornalistas estrangeiros desembarcarão em nossos aeroportos cheios de curiosidade, querendo conhecer o verdadeiro Brasil.
Também somos um país de fortes contrastes sociais, mas que fez avanços importantes para corrigi-los. Uma sociedade diversa, mas coesa. Somos terra de gente talentosa, batalhadora, criativa e inovadora, características bem representadas nos dribles mágicos e desconcertantes do Neymar, na música do maestro Tom Jobim e na ciência de Miguel Nicolelis, que com a pesquisa do exoesqueleto dá esperança a paraplégicos que sonham caminhar novamente.
Nosso país também é multicolorido, dono de uma natureza de tirar o fôlego. O turista que nos visitar na Copa do Mundo deve se preparar para uma experiência inesquecível: ninguém sai daqui sem uma lembrança querida, depois de conhecer as praias do nordeste, a imensidão do Rio Amazonas ou a união entre o mar e a montanha que faz o Rio de Janeiro parecer uma pintura.
Somos a terra da alegria e com essa alegria vamos receber de braços abertos todos os visitantes que virão para a Copa".


(Ronaldo Nazário)

O Governo Brasileiro Tem Dinheiro Para Fazer a Copa, Só Não Tem Moral.

Esse é o problema. Não sou adepto dos discursos de que não se deve construir estádios enquanto existem escolas e hospitais degradados no Brasil.
Não acredito na falácia de que, para investir nos estádios, o país está sendo defasado em outras áreas. Para a Copa do Mundo estão sendo investidos por meio de financiamento do BNDES (verba pública federal), cerca de R$8Bi; é bom ratificar que, teoricamente, tudo que está sendo investido pelo BNDES será restituído pelos clubes e pelos Estados beneficiados (com juros). Os Estados podem, ainda, ceder a administração das arenas para concessionárias, isso significa oportunidade de retorno financeiro. Analisando com um pouco de otimismo, é até bom negócio.
Agora, analisemos o orçamento previsto para os setores da saúde e da educação no ano de 2014 (áreas mais polêmicas e reivindicadas nos protestos anti-Copa). A saúde terá à disposição R$106Bi enquanto a educação R$104Bi. Esses valores são apenas para o ano de 2014. É a média do que esses setores recebem anualmente.
Será mesmo que os R$8Bi investidos (não gastos) nos estádios fazem mesmo tanta falta assim no orçamento federal? Será mesmo que o patamar atual das escolas e hospitais no Brasil é baixo por culpa da Copa do Mundo? Será mesmo por falta de dinheiro? Ou simplesmente falta de vontade política e gestão? Se o Brasil nem tivesse sido escolhido país-sede em 2007, o que estaria de diferente? Teríamos hospitais ultra-modernos e escolas de primeiro mundo porque não precisaríamos investir em estádios?
Eu acredito nos "legados da Copa", não para a infraestrutura das nossas cidades, afinal muito pouco foi feito. Acredito nos efeitos positivos na econômia, no turismo, na imagem internacional e na melhora estrutural do principal esporte do país. Mas o principal legado foi o despertar do povo que, finalmente, percebeu a escancarada péssima gestão pública, a má vontade política, o descaso para com as prioridades do país e, principalmente, que o Brasil tem todo o potencial para ser melhor do que é.

#Panorama



Vivemos rente aos trópicos
Onde as
águas de março costumavam fechar o verão

Alimentamos pensamentos utópicos
E usamos a biodiversidade como fonte de inspiração
Vejo uma senhora vendendo balas em frente ao metrô
No campo, máquinas substituem o agricultor
Imagino como era tudo no tempo do meu avô
Quando não existiam telefones celulares, garrafas pet e nem isopor
Dos bangalôs da Tailândia aos barracos do Vidigal
Dos iates em Ibiza aos soundsystems em Trenchtown
Há algo que move a todos com a mesma força vital
A busca da felicidade e a realização pessoal
Se canta com força, com força a vida
Mantém essa chama que há em você no peito contida
De relance me vejo pedalando um camelo
Coqueiros e areia em primeiro plano e ao fundo um navio petroleiro
Calotas polares derretem e modificamos códigos genéticos em nome da ciência
O Homo se diz Sapiens
Mas o que mais lhe parece faltar é a sapiência

Que o espaço-tempo é curvo, Einstein provou a partir de um lampejo
Realmente não sei se o que você chama de verde é a mesma cor que eu vejo
Alheia a isso, a maioria continua exaltando o luxo e a propriedade privada
Esquecem que caixão não tem gaveta
E que dessa passagem, a aprendizagem é a única bagagem levada
Mas há crianças, há sorrisos, há o Maraca domingo
O panorama não agrada, mas não há porque se desesperar
Pela simples noção de que é uma dádiva estar vivo
De que os caminhos são lindos, e é necessário caminhar.



(Forfun)

Moro Num País Tropical, Abençoado Por Deus e Bonito Por Natureza.

A moda agora é falar mal do Brasil. Pois bem. Os maledicentes parecem não cansar de apontar defeitos e querer ridicularizar o próprio país. Pior, se acham revolucionários por causa disso.
Que a população brasileira tem defasagens culturais e que o nosso país sofre com falta de infraestrutura, isso é inegável. O fato é como nós olhamos a questão e, principalmente, agimos em relação à ela.
O urbanismo e o desenvolvimento sustentável não estão entre as principais pautas do Governo brasileiro, o que permite a deterioração e a desorganização do espaço urbano. Quanto ao transporte público, eu prefiro não entrar em detalhes, o que posso dizer é que é necessário muita criatividade para um Governo conseguir prestar um serviço tão ruim. Planejamento de mobilidade urbana, estética e acessibilidade, inexistem. Todos esses fatos são inegáveis e diariamente saltam aos olhos da minoria que possui um pouco de conhecimento urbano, prejudicam nosso dia-a-dia, atrasam nossas vidas e nos envelhecem interiormente.
Entretanto estruturar o Brasil não é a mesma coisa que estruturar a Suiça, por exemplo. Não tô defendendo o patamar em que nos encontramos atualmente, é absolutamente nítido que o Brasil tinha um potencial que, se bem gerido pelas políticas públicas, era para estarmos hoje entre as nações mais bem desenvolvidas do mundo, certamente. É claro que estamos onde estamos pela simples falta de vontade política por parte nossos governantes, que inclinam-se prioritariamente àquilo que pode angariar votos e poder político.
O que me deixa inconformado é brasileiro que esculhamba o Brasil e não sabe o que está falando. Fico horrorizado quando vejo gente falando que o povo é burro, é porco, é sujo, é mal-educado; mas não param para pensar que esse "povo" não tem escolha, esse "povo" sequer sabe o que é educação. Como árvore ruim pode dar frutos bons? Como esse "povo" vai ser educado se a educação não foi plantada na hortinha da cabeça deles? É só olhar, principalmente, para as regiões menos favorecidas economicamente, analisar a qualidade de ensino que uma criança recebe nesses lugares, reflitir sobre a educação que os pais dessa criança (provavelmente menos educados ainda) dão à ela e observar a estrutura social em que essa criança se desenvolve. Na verdade, todos os problemas sociais que existem no Brasil é a simples colheita da política do descaso, que predomina desde Deodoro.
Não estou dizendo que é errado criticar nossa sociedade e nosso meio, afinal, graças a Deus, não somos cegos e nem hipócritas; mas uma coisa é criticar construtivamente e outra coisa é rebaixar para humilhar. O que me deixa profundamente triste é ver brasileiro falando mal de quem fala que o Brasil é o paraíso, mas diz que os países desenvolvidos europeus e norte-americanos o são. Não somos o paraíso, mas muito menos os EUA ou a Europa; agora tô emitindo opinião: se há um lugar que mais se aproxima de ser digno de ser chamado de "paraíso" é o Brasil. Eu, particularmente, prefiro um "povo mal-educado" que acolhe todas as etnias a um povo impecavelmente limpo e culto que não olha na cara e julga o estrangeiro.
Não, o Brasil não é só aquele país lindo que vai aparecer nas telas do mundo todo na Copa, mas também o é. Não faz sentido reclamar que lá fora o Brasil é reconhecido por ser o país do futebol e do samba, e dizer que nós não somos só isso, mas também somos o país da corrupção, da pobreza e miséria. Somos - sim - o país do futebol, do samba, da miscigenação e da alegria. Como negar? Que outro país é pentacampeão mundial no tapete verde? Que outro país tem um estilo musical tão aclamado e autêntico quanto o samba (reconhecido mundialmente por sua criatividade e apontado por especialistas de todos os cantos do globo como melhor estilo musical já criado)? Que outra nação é formada por um povo tão miscigenado convivendo harmonicamente com outras raças, origens, fés e culturas? Como não admirar um povo que sabe viver e encontrar sempre um motivo para sorrir independentemente de sua condição financeira ou status social?
Eu agradeço a Deus por Ele ter permitido que eu conhecesse os piores lados do meu país e não estar assistindo a vida de uma cobertura em Ipanema. Os problemas que meu país possui não vão me fazer difamá-lo, não vão me levar à ideia de me mudar daqui, não vão fazer eu pagar pau pra gringo. Tudo que precisamos é de menos murmuradores e mais homens de boa vontade.