domingo, 30 de março de 2014

O Governo Brasileiro Tem Dinheiro Para Fazer a Copa, Só Não Tem Moral.

Esse é o problema. Não sou adepto dos discursos de que não se deve construir estádios enquanto existem escolas e hospitais degradados no Brasil.
Não acredito na falácia de que, para investir nos estádios, o país está sendo defasado em outras áreas. Para a Copa do Mundo estão sendo investidos por meio de financiamento do BNDES (verba pública federal), cerca de R$8Bi; é bom ratificar que, teoricamente, tudo que está sendo investido pelo BNDES será restituído pelos clubes e pelos Estados beneficiados (com juros). Os Estados podem, ainda, ceder a administração das arenas para concessionárias, isso significa oportunidade de retorno financeiro. Analisando com um pouco de otimismo, é até bom negócio.
Agora, analisemos o orçamento previsto para os setores da saúde e da educação no ano de 2014 (áreas mais polêmicas e reivindicadas nos protestos anti-Copa). A saúde terá à disposição R$106Bi enquanto a educação R$104Bi. Esses valores são apenas para o ano de 2014. É a média do que esses setores recebem anualmente.
Será mesmo que os R$8Bi investidos (não gastos) nos estádios fazem mesmo tanta falta assim no orçamento federal? Será mesmo que o patamar atual das escolas e hospitais no Brasil é baixo por culpa da Copa do Mundo? Será mesmo por falta de dinheiro? Ou simplesmente falta de vontade política e gestão? Se o Brasil nem tivesse sido escolhido país-sede em 2007, o que estaria de diferente? Teríamos hospitais ultra-modernos e escolas de primeiro mundo porque não precisaríamos investir em estádios?
Eu acredito nos "legados da Copa", não para a infraestrutura das nossas cidades, afinal muito pouco foi feito. Acredito nos efeitos positivos na econômia, no turismo, na imagem internacional e na melhora estrutural do principal esporte do país. Mas o principal legado foi o despertar do povo que, finalmente, percebeu a escancarada péssima gestão pública, a má vontade política, o descaso para com as prioridades do país e, principalmente, que o Brasil tem todo o potencial para ser melhor do que é.

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