A Copa do Mundo de 2014 se firmou de vez como uma edição especial. As peculiaridades que eu citei na primeira fase continuaram aparecendo nas Oitavas de Final. Pela primeira vez nesta fase, 5 dos 8 jogos foram decididos na prorrogação - e aqueles que não foram também sobejaram emoção. Outro fato inédito foi que todos os times que se classificaram em primeiro lugar em seus grupos avançaram às Quartas.
Os jogos das Oitavas, definitivamente, mostraram que a partir de agora, cada vez mais (somos um só?), acabou essa história de "favoritismo". Foi de encher os olhos o futebol mostrado pelas africanas Nigéria e Argélia, que, com muito volume de jogo, quase eliminaram equipes campeãs mundiais.
O México - pobre México - não consegue sair da velha sina de jogar como nunca e perder como sempre (e nas oitavas, de novo...). Mas também é uma Seleção que merece menção honrosa. Lutou muito, aplicou todo o seu futebol, mas ainda não foi o suficiente. Falta bola, falta sorte, sempre falta alguma coisa para o México.
Honrosa também foi a campanha chilena, tanto é que chegaram em Santiago como se estivessem chegando com a taça. O Chile sai de cabeça erguida após quase eliminarem o anfitrião da Copa, que é só pentacampeão do mundo. Jogaram de igual para igual e provaram que são um time do primeiro escalão mundial.
A seleção dos Estados Unidos também encheu de orgulho a sua nação - algo raro no país norte-americano. Essa seleção já entrou na história como o time que conseguiu cativar a torcida, fazendo com que ela vibrasse com algo além dos tradicionais Football, Baseball e Basketball. O Soccer bateu recordes de audiência e despertou uma nova paixão no país. O time é muito bem organizado e mostrou mais qualidade técnica do que de costume. É uma seleção que pode crescer ainda mais nos próximos anos, principalmente se Klinsmann continuar no comando.
A Grécia sai da Copa com um título: a seleção mais guerreira do Mundial. Muito limitada tecnicamente, chegou às Oitavas (e quase às Quartas) com algumas doses de sorte. Mas ninguém pode falar que não foi merecido. Não houve adversidade que fez esse time desistir. Mesmo quando tudo parecia perdido, honraram um dos personagens mais marcantes de sua mitologia - Fênix - e ressurgiram das cinzas por diversas vezes.
A Suiça veio com um time entrosado, de alguns bons valores, que almejava entrar no hall das grandes seleções. Faltou um pouco de fôlego. A defesa, tradicionalmente segura e pouco vazada, não foi a mesma de edições anteriores. O ataque correspondeu às expectativas, mas no jogo das Oitavas não mostrou a mesma eficiência e saiu da Copa com a sensação de que poderia ter ido mais longe.
Se é que houve decepção, ficou por conta da Celeste Olímpica. Chegou com alguns problemas extra-campo, como a forma de Forlán e Lugano, além da suspensão de sua principal força, Luis Suárez. Todavia, o Uruguai era um time do qual se esperava mais. Contudo, ter sobrevivido ao (mequetrefe) "grupo da morte", já foi uma feito honroso.
Das seleções que permanecem vivas na competição, a Colômbia é a única que tem destoado das demais. É, até agora, a melhor seleção do Mundial. Vem jogando um futebol vistoso, de muita técnica - lembra, de longe, os tempos áureos da Seleção Brasileira (pelo menos na proposta de jogo). Acredito que o jogo contra o Brasil será absolutamente franco, com propostas similares. Vencerá o melhor - ou aquele em que um jogador inspirado decidir.
A França também vem mostrando muita força, com um time de muita qualidade técnica. Deschamps conseguiu implementar uma mistura harmônica de habilidade, velocidade, poder de finalização e força física. É um time que chega muito bem ao ataque, com volantes participativos e meias de muita movimentação. Ainda tem um tal de Benzema, que tem se mostrado fatal. A seleção alemã, muito organizada e abastada em todos os pré-requisitos de uma favorita, tem decepcionado. Só fez um jogo digno das expectativas sobre ela impostas: a estreia contra Portugal. França e Alemanha terão de jogar tudo o que sabem. O time alemão é melhor, mas o time francês está jogando mais.
Falando em time com muita expectativa e pouca bola por enquanto... Brasil e Argentina não têm jogado nem metade do que deles se espera. No caso da Seleção Brasileira, falta criatividade e volume de jogo no meio-de-campo. A impressão que tenho é que o Brasil tem apenas dois setores: a zaga e o ataque. A bola viaja de uma extremidade à outra sem ser cadenciada. Paulinho, em péssima fase, e Oscar, com acumulo de funções, têm deixado a desejar na organização ofensiva da equipe. No time dos Hermanos, fica nítida a desorganização tática e a falta de cadência no toque de bola. Messi - sem função tática - não organiza o jogo e nem marca, está ali apenas para, em lampejos de genialidade, decidir. Dí Maria é o faz-tudo do time, é quem alimenta o setor ofensivo, com muita competência, diga-se de passagem. Aguero e Higuaín dependem da criatividade dele, o problema é que ele não é um armador, é um ponta habilidoso que também necessita de alguém para armá-lo. A defesa, por sua vez, é tenebrosa. Quando enfrentar um time com ousadia suficiente para atacá-la, dificilmente resistirá. E essa hora está chegando, acredito que a Bélgica seja esse time. A Argentina terá sua primeira prova de fogo. Se já titubeou em tarefas mais fáceis, terá de jogar muito mais do que tem jogado para avançar à Semi. A seleção belga não está exibido toda a qualidade técnica esperada, mas tem esbanjado eficiência. Um time muito equilibrado taticamente e que conta com jogadores de habilidade e decisivos. No duelo contra a Argentina, se permanecer com a defesa sólida e os contra-ataques rápidos, tem total condição de vencer.
A Holanda é um time que não dita o ritmo do jogo, deixa sempre que o oponente o faça. Opta por sair nos contra-ataques, jogar no erro do adversário. Não é uma característica tradicional do futebol holandês, todavia tem se mostrado fatal dessa forma, com coesão defensiva e muita velocidade no setor ofensivo. A Costa Rica terá de estar no dia mais inspirado da vida de seus 11 atletas se almeja chegar à Semi. A proposta, provavelmente, será a posse de bola, também esperando o erro holandês, mas será incentivada a atacar. Atacando, terá de errar muito pouco para não cair nas armadilhas laranjas. Acredito que sucumbirá.
Não, nada de palpites desta vez. Que venham as Quartas de Final! Que nos presenteie com muitas emoções e histórias, jogos, lances que ficarão eternizados na história das Copas! Essa é a Copa das Copas.
#CopadoMundo2014