Analisando
a parte estratégica do jogo, podemos concluir que perdemos da Alemanha
porque eles são superiores a nós. Mas a
goleada veio graças a um erro tático colossal da nossa comissão técnica.
Um
desajuste meramente tático pode causar uma catástrofe. E essa Copa provou isso.
Que o diga Portugal, Espanha...
Não é
justo atribuir todo o fracasso do Brasil somente ao Felipão. Não devemos ficar
procurando culpados, como sempre fazemos para justificar nossos insucessos. Na
verdade o problema do futebol brasileiro é muito maior. Entretanto, também não
se pode negar que nossa comissão técnica tornou-se mundialmente conhecida por
ser retrógrada
e obsoleta.
Duas
cabeças outrora campeãs mundiais - Felipão e Parreira -
não conseguiram fazer a leitura do jogo alemão. Prepotentes, descartaram as
indicações do trabalho dos observadores - Gallo e Roque Jr. - que analisaram a
seleção alemã durante a Copa e constataram a necessidade de fortalecer o
meio-campo. O "bloco alemão" seria combatido por um "bloco
brasileiro" em forma de cone, com apenas Hulk isolado na frente, Willian e
Oscar logo atrás, e Paulinho, Luiz Gustavo e Fernandinho fechando o setor.
Mas... que nada! Pra quê?! O negócio é colocar o genial Bernard nas costas de
Howedes, com o fenômeno Fred na área. Lamentável.
Duro é
assumir que eu confiei nessa comissão técnica. Abracei suas ideias, as utopias
e a filosofia do trabalho. Odeio a teimosia do Felipão, mas ela nos levou ao
título de 2002. Então resolvi confiar. Mas a mesma teimosia que nos
levou ao Penta, nos levou à humilhação em 2014.
Seis
minutos não podem apagar 100 anos, mas podem manchar. O
"Mineirazo", "Alemanhaço", "Apagaço",
"Vergonhaço", ou seja lá como você prefere retratar o vexame
monumental de 8 de julho, não vai destruir o que foi construído em 100 anos por
nomes como Pelé, Garrincha, Didi, Rivelino, Gérson, Sócrates,
Falcão, Zico, Romário, Rivaldo e Ronaldo. A mesma história que esses
caras escreveram, os atuais 23 continuam escrevendo.
O
"livro Seleção Brasileira" não foi queimado, mas acabou de ter o seu
capítulo mais sombrio escrito. Esse 7x1 jamais será esquecido, é uma
cicatriz eterna na história da Seleção. Podemos ganhar mais dez Copas, mas
aquela marca continuará lá, em hipótese alguma será curada.
Vestir a
amarelinha é o sonho de muitos, mas demanda responsabilidade extrema. Ela pode
"consagrar" ou "profanar" um jogador para sempre. Se você
sonha vestir essa camisa, saiba do risco que corre, do fardo que carrega.
Por isso, Fred, me perdoa, mas o seu retrato acaba de entrar para a galeria
mais negra da história da Seleção. A mesma galeria onde figuram alguns célebres
desde Barbosa até Felipe Melo. Justa ou injustamente, quem veste a amarelinha
não tem o direito de errar tão feio. Quem sabe essa cultura um dia mude...
Esse
escrete de Neymar, Oscar, David Luiz e companhia ficará marcado eternamente
como a geração do maior vexame da história do futebol brasileiro - esperando
que coisa pior não venha, claro.
Como eu
já assumi no início do texto, eu acreditei nesse time. Continuo acreditando...
no potencial da maioria dos jogadores jovens desse time. Só não deu certo agora
porque é uma Seleção muito jovem e pouco preparada.
Na
próxima Copa a Seleção chegará experiente, com os protagonistas no auge da
carreira (Neymar, Oscar, David Luiz, Luiz Gustavo, Marcelo, Paulinho, Willian e
Bernard).
Outros
talentos chegarão. Novos promissores já estão surgindo, como: Philipe Coutinho,
Roberto Firmino, Fred, Marquinhos, Dória, Alex Telles, Allan, Lucas Silva e
Gabriel. Bons jogadores que hoje estão nas categorias de base também devem
surgir nos próximos quatro anos.
Velhos
promissores podem desencantar e também estar na Rússia, casos de Lucas, Pato,
Ganso, Rafael, Alex Sandro, Danilo, Sandro, Casemiro, Douglas Costa, Taison,
Nem e Damião).
Precisamos
de planejamento, projeto, organização e trabalho. Mesmo após essa derrota
continuamos com um time qualificado e, agora, com uma dose dobrada de
motivação. A mesma geração que entrou para a história como vexaminosa
terá a chance de se tornar um símbolo
de superação com o
hexacampeonato em 2018.
Resta-nos
esperar decisões mais acertadas por parte da CBF nessa nova etapa, a começar
pelo comandante da equipe. Tite é o nome que desponta, sou favorável. Um cara
que já provou tudo no futebol; inteligente; moderno; e que está se preparando
para o desafio de comandar a Seleção. Está se planejando. Não atoa, planejamento é tudo que mais precisamos agora.